Animais de Rua – cães e gatos errantes

Os cães apresentam um papel importante na sociedade humana: providenciam companhia e são utilizados para uma grande variedade de actividades incluindo guarda da propriedade, entre outras, o que faz com que vivam muito próximos dos seres humanos.

 

Os cães existem em elevadas densidades em praticamente todos os locais colonizados pelo homem e são o carnívoro mais abundante a nível mundial. O aumento da população de cães domésticos, leva a um número crescente de animais errantes e assilvestrados secundariamente ao abandono, doenças e falta de cuidados de saúde prestados à população de cães. Os cães errantes e assilvestrados representam um problema sério de segurança e saúde pública (através de dentadas ou transmissão de zoonoses como a raiva, equinococose, toxocariose, hidatiose, leishmaniose, leptospirose, entre outros), saúde e bem-estar animal e impacto a nível socio-económico, ambiental, politico e religioso nos espaços urbanos e/ou rurais.

 

A população de cães da Cidade da Praia, é composta maioritariamente com cães errantes, aos quais não são providenciados cuidados básicos de saúde. O contacto desta população animal com a população humana é variável, no entanto, a maioria dos animais pertence a uma casa, apesar de viverem na rua, sendo obrigados a procurar alimento e abrigo. Por esta razão, os animais acabam por procurar alimento no lixo ou por esperar por restos nas zonas dos mercados e matadouros. Estes animais caçam também ratos e ratazanas.

 

Este estilo de vida tem consequências:

  • Agrupamento de animais em zonas onde existe lixo. Os sacos do lixo são rasgados e o lixo é muitas vezes espalhado pela via pública, o que é um problema de saúde pública. Estes locais de agrupamento facilitam a transmissão de doenças parasitárias e infecciosas. Algumas dessas doenças são também são transmissíveis aos seres humanos. As crianças são uma população de risco, uma vez que acabam têm um contato mais próximo com os animais.
  • Fraca nutrição e baixa condição corporal dos animais, o que também facilita a aquisição de doenças.
  • Reprodução descontrolada.
  • Barulho. Constantes latidos que perturbam a comunidade.

Por estas razões e outras, os animais são reconhecidos como sendo um problema. A resposta a este problema é muitas vezes a redução rápida do número de animais através de métodos perigosos, como é o caso do envenenamento ou electrocussão. Tais metodos não são apenas brutais, mas também ineficazes.

 

De forma encontrar uma solução mais eficaz para esta problemática, foram desenvolvidos métodos internacionais de “Gestão da população de cães”. A metodologia seguida pelos BONS AMIGOS é baseada nestes métodos e adaptada à situação local.

 

Por outro lado, a presença de cães e gatos errantes, tem também consequências positivas, como por exemplo a eliminação de lixo orgânico e o controlo de pragas (ratos e ratazanas). Os cães são ainda considerados como guardas da casa ou terreno.

Estudos científicos realizados pela Organização Mundial de Saúde (OMS, comprovaram que, a população de animais errantes aumenta proporcionalmente com o aumento da população humana. O número de animais existente em determinada localidade, está dependente da disponibilidade de alimento, água e abrigo. A disponibilidade de desperdícios alimentares, em particular decorrentes dos processos de urbanização e aumento da densidade populacional, conjugado com a falta de guarda responsável dos animais e abandono, conduziu a um aumento descontrolado da população que levou ao aparecimento de sub-populações que podem ser caracterizadas com base no seu nível de dependência do ser humano em relação a alimentação, abrigo e cuidados de saúde. Desta forma, quanto maior a população humana, maior disponibilidade de condições necessárias à sobrevivência dos animais e como consequência aumenta o número de cães e gatos errantes.

 

Havendo disponibilidade de alimento, a capacidade de reprodução dos cães é muito elevada, e a população pode facilmente triplicar em um ano. Por este motivo, os métodos de controlo da população que recorrem ao abate, mostraram-se ineficazes e dispendiosos. Após abate de animais numa localidade, estes animais são rapidamente substituídos por outros, devido a um aumento da reprodução e migração de animais da proximidades para essa localidade, que providencia condições ideais (alimento e espaço disponíveis). A nova população formada é, geralmente, mais facilmente afectada por infecções e parasitas, uma vez que os animais mais jovens são mais vulneráveis. Em adição, o movimento migratório de animais para a nova localidade, contribui para a distribuição de doenças. É ainda importante mencionar que, o envenenamento de animais, em que é colocado isco com veneno na rua, é um método muito perigoso para os seres humanos, em especial para as crianças.

 

O Município de Praia tem vindo a apoiar os nossos esforços. A mobilização pública contra o envenenamento por estricnina e electrocussão tem sido especialmente bem-sucedida.

 

Desde 1990, a OMS recomenda o uso de métodos multidisciplinares para o controlo da população de cães, tendo como base as condições de vida e ambientais em cada País. Esta Organização também enfatiza a importância do registo dos animais, responsabilização dos proprietários, sensibilização e inclusão das comunidades e castração dos animais.


Leia mais
>>